segunda-feira, 8 de abril de 2024

Alerta

 Esperando que a gente se percebe.

Percebeu que as voltas do mundo sempre acabam em palavras perdidas.

Perdeu a chance de abrir os olhos e o coração apertado.

Apertou a alma como suspiro de fim, decidiu por você e por mim que não nos resta confiar.

Confiou enquanto pôde e enquanto quis, soube da verdade e dela se esquivou.

Esquivando das palavras certas, montou a razão para afirmar que não há amor.

Amou como se o tempo fosse eterno, mas deixou uma condição.

Condicionou o sentimento ao jeito, gesto e personalidade, ao tempo que passou.

Passando esse tormento, fiz minha parte, deixei escrito a verdade.

Agora posso ir ou ficar em paz, não soube rimar, nem escrever da maneira certa, mas tudo que disse, graça a algum Deus, foi do fundo da alma.


sexta-feira, 22 de março de 2024

Conversa com o vazio

 - Porque a finitude das coisas, assim como sua infinitude, me afligem-

- E é isso, a vida é um sopro. E por que isso te aflige?

- Porque sou finito e infinito e ser me dói.

- amar dói mais

- e o que somos nós, senão amor. 

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Vó fez carne frita

 Agora não importa mais, o rosto está no chão e as paredes geladas estão distantes. Também é frio o chão, e por ele pisamos em sementes, que te irritam, mas confessam minha existência, minha passagem.

Fica pouco na lembrança com a vinda dos anos, o tempo tem suas preferências, vai minando as lembranças mais vivas, mais bobas, até a gente duvidar se tudo aconteceu. Ficam as histórias que inventamos em cima das reais, e com o passar dos dias - cada camada de invenção se torna a lembrança real.

Há um quadro na parede, onde está o desenho da família, está não se reúne mais, aliás,  se reúne um de cada vez. Não que sejam desunidos, mas cada um oprimido e ocupado em ser feliz. Eles estão em suas casas, com suas outras famílias, e não existe mais o domingo de diversão, aquele que sem nada ter feito, sob sol escaldante, marasmo, preguiça e tédio, ainda se ornava com lembranças de que foi bom. Cada um criou sua mágoa e alimentou de dentro pra fora. Uns pararam de se falar, outros não se falam mais, alguns (que tínhamos esperança, é verdade) nunca se falaram, e até isso era bom, dava assunto e planos.

Não sei se tem mais medo do escuro, da sombra que acorrenta tua alma, se essas distâncias protegem teus olhos ou se escondem a dor dos que ficaram. Sobre eles, ainda olham tristes para o velho quadro da família, tentam a todo custo reviver, lutam contra o cotidiano e as desculpas de cada um. “Hoje não dá”, “talvez outro dia”, “ se fulano for eu não vou”


E assim se fez a sentença da infelicidade, onde cada um tem culpa, mas a culpa é do tempo, sempre ele ingrato ceifador de dias felizes.

sábado, 18 de novembro de 2023

48h

Nas faces do teu sorriso meu olhar é um improviso, quando procuro no escuro a tua falta e tua ausência.

Sei que está horas acordada, cuidando de todos, menos de você, e eu pesaroso, receoso, te conto em brincadeiras o quanto estou sem rumo.

Eu sou teu problema e você  minha bailarina que está no palco a acenar.

E de nós querem a cena mais perfeita, a beleza da vida e a certeza. De você o sorriso perfeito que já me acalma, de mim a serenidade e a simplicidade de quem não pode mudar.

Você tem aquilo que me acalma e me diverte, e eu tenho o senso  feroz e inerte de que preciso me aquecer em teu calor.

Não tenho medo dos meus erros e de errar contigo, tenho medo de vida e da noite, da sombra e da foice da velhice que desmonta a juventude e vai sempre me lembrar que todas as escolhas (as feitas e as não feitas) fazem parte da total felicidade ou do completo arrependimento.

Mas hoje acordei mais cedo, olhei uma foto tua e nada mais me abalava.

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Período noturno

 Aos que choram e não sabem prever o futuro, aqueles que trabalham duro, enxergam no escuro em plena luz do dia.

Problemas e soluções fáceis e totalmente incompreensíveis, dos dias mais insuportáveis, onde a multidão não sabe do seu choro ou da sua alegria. Por esse tempo que tem que suportar, fingir ser você mesmo durante toda a vida, onde sua presença incomoda e sua ausência sentida.

Já não fazem sentido os quadros e a aquarela, onde todos carregam sua cruz, mas uns - coitados - preferem apregar-se a ela.

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Tempo do amor verdadeiro

 A vida é um emaranhado de coincidências.

Como você tem certeza que o amor da sua vida não pode ter nascido em 1512, ou ter nascido há três dias?

 Se é o piloto do avião que passou sob tua cabeça e vai em direção ao Canadá?

Se teus olhos de mulher estão sob o homem que monta cavalo, mas teu coração naquele colega de curso?

Como saber se o próximo cliente, vai ser  o responsável pelo fim da sua vida ou se a pessoa querida, há muito da partida é quem podia te salvar?

Como saber se no fim da vida vai estar consciente do fim que chega e obrigada a ser feliz, afinal, nada mais pode mudar o destino.

Parece mórbido, mas a vida é mesmo sem explicação, e nós vamos costurando as circunstâncias como se tudo estivesse escrito, parece desamor, mas é que estamos vivendo um pouco menos a cada dia que vivemos ou, vai saber, morrendo a cada dia mais.

Então, acredito que seria perda de tempo, perder tanto tempo, perguntar essas coisas bobas, a vida é o quanto a gente ama, o quanto a gente sente e sonha, sendo e fazendo do que temos: nosso amor verdadeiro.



domingo, 13 de agosto de 2023

Facebook

 Volta e meia vejo postagens no face que não lembro se postei aqui, então, para garantir, ai vai:


quinta-feira, 15 de junho de 2023

Nas aulas de inglês.

 Eu morro nos moinhos, e moo e no topo do morro.

Daqui de cima vejo embaixo meus passo cambaleantes, tropeço bêbado de quem viveu e vive uma história.

Se do tambor que você ouviu e eu não pude sequer notar, se dos trabalhos feitos em encruzilhadas - do que me disse não acreditei. Hoje você não deixa rastros e vestígios, hoje eu vejo o que tanto de desperdício.

Não há nem houve, somente sonho e lembrança, de poucos certezas e dias, onde te encontro enquanto estende roupa no varal, que me conta seu dia e suas angústias.

Quantas viagens fez sem querer, forçadas e regadas à lágrimas.

Mas você tinha medo de casa, dele e de seus atos - queria proteger as suas, as duas e muito mais.

Já expedi cartas ao universo, ainda espero resposta, pois quem gosta deixa sinais.

Mas falando sério, onde está agora? Por que nenhum sinal? O que te fez tanto mal?

Sim, teu silêncio tem o preço e vai se pagando pelo resto da vida.

E alguém tirou foto de um cadeado, enferrujado, perdido numa praça, em que alguém, em promessas de amor, deixou a sorte do vento. 

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Por um onde

 Hoje tem o som dos silenciosos, das pedras e dos oceanos, ornamentando quilômetros, asfaltos e distâncias qualquer.

Veja essa bobagem, uma vida e suas fases, de crianças que aprendem inglês, cansados do sol e das praças, com medo dos que chegam, observando barulhos e faróis de carros.

Os cálculos são incompreensíveis, mas a cada manhã, seja depois de sonhos ou insônias, tentamos esquecer - ou pelo pelo menos não tentar lembrar.

Então, sem parto ou ponto de vista, uma poesia sem pretensão ou sentido, atinge seu coração, que se estiver apertado nesse momento, por conta do tempo e da vida (solidão e morte) sugiro que leia alguma coisa, beba algo, cante uma canção.


 

sexta-feira, 17 de junho de 2022

O silêncio das palavras

E tua mensagem foi clara, a dor que nos dilata, a infecção que preenche tua casa veio do nada, e se instaurou desde outros tempos.

O sol castiga o caminho de terra, mas dormiu distante, sinto tua presença, mas não sinto teu abraço.

Teu grito de ajuda, e meu desejo imenso de estar ao teu lado, talvez o vencer da tua vergonha, ou pior, talvez sua raiva imensa de mim… Não tenho mais culpa por isso, não passo mais por essa situação, mas ainda resta algo que como se passasse.

Teu arredio e pudor de falar, de algo que já conheço tão bem. No mais louco entendimento, no mais pouco sendo: nos unimos nessa solidão.

Olho teu sorriso no colo, não choro nem me desespero, sei bem o que quero… seja como for, da forma que for ( sendo útil, protetor ou sei lá) o que realmente quero é para sempre orbitar em sua lua, pois a vida passa e eu não sei pensar nela assim.

Os segredos que toda mãe guarda, o amor imenso pelos filhos e as falhas assumidas e da parte dos que partiram, não faço só por ti ou só por mim, mas por tudo que também já passei.


E por fim, depois que tudo estiver bem… te amo. 

domingo, 12 de junho de 2022

O que fica

 Já te vi nos sonhos e do meu lado, já soube dos teus pontos e dos teus embaraços.

Sei que anda com tropeços, fazendo contas e segurando as pontas para esquecer a saudade de quem está longe e não volta nunca mais.

O seu coração está lotado, não tem visto a praça, o cadeado fechado e o medo da chuva. Era que antes, à noite, tudo escondido e perdido, medo das luzes e dos carros parecidos.

E estou vendo no espelho teu olhar sério e concentrado, mas admita; seu coração sente minha presença.

Quando volta ? Quando me aquece ? 


sexta-feira, 3 de junho de 2022

Acordes


Onde minhas palavras e meu silêncio não fazem diferença, - e por isso não te liguei quando a dor mais doía, você não entenderia ou pior, fizesse pouco caso, criasse um embaraço: uma dívida.

Não te falei do que me tira o sono, quem é o mal, o dono dessa angústia.

As pessoas em angústia criam dúvidas das certezas que já tinham. Então você descobre que ao nobre se dá todo o cobre, mas se um pedaço de metal é esquecido, você não tem o reconhecimento merecido - a ele importa a totalidade, o resto podem ser memórias desnecessárias.

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Na noite há medo

 Meu coração bate certo e acelerado, te desejo o inesperado e espero sua resposta.

Um coração frio, ainda assim esto aquecido, mesmo esquecido essa noite tende a acabar. Eu te suplico presença, e vejo você viajar em carros com estranhos. Não saem lágrimas de mim, mas ainda assim estou querendo me enganar - se será outro final de semana e vou te ver. 

O cuidado que tivemos, no que pisa o chão, no final do teu curso, do teu susto.

Entre pérolas, porcos e alimento da vida, a serra está distante, mas em qualquer curva eu vejo teu olhar.

sábado, 7 de maio de 2022

Esperando no ponto de ônibus

 Apertei meu passo, gritei que sei viver - os poucos que me escutaram riram, debochadamente desacreditaram, por isso segui em frente (confesso que até duvidei). Mas sem tempo, fui comovido com poucas histórias. Dei esmolas que não me fizeram falta, abençoei às pressas, desejei felicidades com a mão. Orei com todo o fervor de quem tem fé, mas está bastante ocupado. Disse em voz alta que a chuva era uma benção, mas atrapalhava meus planos. Repreendi com força quem disse o santo nome de Deus em vão, do nada bateram no meu carro, meu Deus que cara lerdo do caralho.

Talvez tenha sido desatenção minha, carma, mantra ou destino. Contei com tanta  sorte que o azar desistiu de mim. Passei a vida pálido, sendo fiel aos meus ideais, embora eles mudassem toda semana. Fui um homem exemplar, mesmo eu sendo a minha própria régua e espelho.

E toda essa pressa me trouxe aqui: o fim da vida. Estou orgulhoso de mim mesmo, fingi muito bem ser perfeito, tão bem que eu mesmo me enganei.


terça-feira, 1 de março de 2022

Casa

 Onde é seguro, eu nem falo e nem escuto… extintos meus adornos, sem instinto verbalizo meus transtornos.

Do por-do- sol à calçada, verde limpo e sombrio a sacada: constante sinal que vem da entrada… meus dias são verões.

E do silêncio viajo sem asa, por mais só, ainda, em casa.

sábado, 12 de fevereiro de 2022

Aquarela do teu cabelo

 O vento que passa na janela esfria minhas lembranças… e ainda que a rima seja pobre, lembro do meu tempo de criança… 

Das tardes e temores, dos frios e dos tremores que traziam outras janelas e outros ventos.

Da minha casa eu via preso o mundo, hoje por isso, talvez, prefira meu lar, talvez por isso eu queria o mundo mais quieto.

Ao meio dia conduzia meu corpo fraco ao solstício dos anos que logo se acabariam.

Aos sábados, eu tinha um ponto inerte, um lugar hostil e distante, um canto que eu me sentia feliz.

Domingo, melancólico e finalista, tinha no por do sol meu regresso.

Na segundas da minha existência: eu me arrependo e aprendo que se arrepender não adianta de nada.


terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Um velho amigo

Logo agora meu carro deu problema. Quero voltar para América e ficar no meu canto.

Pensei em você, estava chorando e eu não entendi.

Todas as manhãs a partir de agora vão partir: tirar meu tempo de mim.

Eu me recordo do tempo do meu tempo e de todos e tantos que se foram, vivendo ou existindo.

Existindo nas portas antigas, paredes pintadas com paisagens de bares escondidos e esquecidos no calor do sertão.

Há uma casa vazia e crianças do lado de fora, observando... As janelas se movem e mostram fantasmas, mal sabem eles que são eles mesmos daqui a algum tempo.


domingo, 19 de dezembro de 2021

Do fogo à pedra

 Não se dorme fácil ao som de always on my mind.

Não se dorme fácil ao som do silêncio.

Quando sua mente está inquieta qualquer coisa lhe inquieta.

Não há lembrança ou esperança que não se esbarre em um passado imodificável ou um futuro imodificável.

É profundo, o sonho dos atormentados. Dos que acordam cedo e põe pão na mesa, dos que tem cavalo alado e moram em rios.

A vitória sob as circunstâncias e o pior: essa serra que tapa minha visão - há, do outro lado, algo inesperado… meu timbre, meu penar e meu pecado.

Do fogo ao monumento na estrada, eu teria muito mais chances, se fosse velho ou desavisado, sou peregrino amordaçado e sem pretensões, sabe se lá quando, como e porque… 

Outra noite no seu canto,  o vazio e no espanto, na fila do Tempo, no reino e na vila, pois partiram os animais e nós ficamos para trás… sem qualquer remorso.

domingo, 21 de novembro de 2021

Imenso vazio

 

Se vem na lembrança aquilo que meus olhos nunca viram, se expiram a desesperança.

Fascinado pelo futuro, no peito um furo, só havia pregado o passado.

No meio das fotografias, teu sorriso amarelo, fazendo flagelo das poses que outrora seguiram.

O bocado de pensamentos, os mais impiedosos lentos, difíceis de acostumar.

Teu infinito  de vida, uma contra partida, de contas divididas.

O ouro agreste azulado, perfume doce dourado, dos manequins que te vestem.

Se dá memória se apaga, um grito rasga, o que nunca se desfaz. Primeiro tenho meu medo e meu orgulho, se ouço ou faço barulho pra mim tanto faz.

O mundo já acabou, vivemos apenas nos escombros, se tudo isso te faz assombro, por mim mesmo nunca o sol raiou. 

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Está na recepção

 É bom quando contigo estou... bem, ainda que a distância, a saudade o tempo e todas as falhas nos façam mal. Tenho certeza que os sonhos e os pássaros estão no ar e que as surpresas do por vir, por ventura nos faz sorrir.

O doce da tua lembrança, nossas brincadeiras de criança, recebo no meu dia, ainda que tardia: pedido de desculpas.

Por outro motivo eu não tenho que sorrir... Mas há um cadeado fechado na praça abandonada, chave não se encontra e meu coração não sabe, mas a vida ainda não está pronta.